terça-feira, 7 de novembro de 2017

Nirvana

Quando nascemos fomos presenteados com o maior dom que Deus criou: o livre arbítrio. O poder de tomar decisão, de escolher o caminho e destino que quisermos. E são nesses "mil destinos" possíveis que nos emaranhamos, como no labirinto do Minotauro, onde a nossa maior realização material é também nossa prisão. Quanto mais nos aprofundamos nesses destinos, nas bifurcações da vida, no mundo sensorial, vivemos algo que os antigos chamam de Samsara (perambulação), o interminável ciclo de nascimento e morte que estamos sujeitos enquanto perambulamos à esmo por este mundo. Presa neste ciclo, a alma vai se condensando cada vez mais, se embrutecendo, ficando rígida, aprisionando e sufocando sua Luz natural. Nascimento e morte são metáforas para gozo e sofrimento, como uma droga viciante que torna dependente seu usuário, uma prisão que concede um intervalo de satisfação num oceano de angústia. O único caminho que nos liberta do labirinto é o Céu. É nas alturas que nossa alma voa livre, assim como Dédalo e seu filho Ícaro. Mas mesmo libertos não podemos deixar de vigiar, de sermos prudentes, pois assim como os Anjos e Ícaros, estamos sujeitos à queda. No conto grego, Dédalo personifica a experiência, que alcança o Céu e pisa seguro na terra (sobre o Mundo). No processo ele abre mão de muitas coisas que lhe são importantes. A perda de seu filho aconteceu durante sua salvação, ao mesmo tempo que foi o preço pago por suas ações: a construção do labirinto que o encerrou.
A luta com o Mundo nunca é fácil, principalmente quando nos perdemos nos diversos caminhos que a lugar nenhum nos leva. Dor, sofrimento, angústia e algum gozo para nos ludibriar e não enxergarmos que o verdadeiro caminho a ser trilhado é o retorno naquele que nos trouxe até aqui, um caminho vertical que aponta exclusivamente para Deus. Retornar ao Pai é uma jornada constante, repleta de renúncias e abstinências, mas nunca de sofrimento. O caminho correto é a senda da Paz Interior, que cumina no zênite da Plenitude. Estar com Deus é estar em paz por completo, é sentir Deus em cada átomo da criação. É amar em abundância, ou como diria Camões: "É nunca contentar-se de contente". É este estado de espírito que chamamos de Nirvana.

"Deem a Cesar o que pertence a Cesar, e deem a Deus o que pertence a Deus"

Estas palavras de Jesus, o Cristo, contém o mesmo teor de outra máxima: "Tu és pó, e ao pó da terra retornará" (Gênesis 3:19). Nada temos que, realmente, seja nosso. Viemos a este mundo nus, sem vestes e descalços. Até mesmo nossa vida é sopro do Pai. Todos os bens que ajuntamos, ouro ou prata, enferrujam, se desgastam, perdem valor. É matéria que um dia a Terra reclamará, e o mesmo acontecerá com nossa carne. Já o nosso espírito é imortal, porque é Deus, que em nós habita. E o que é Dele deve ser preservado, como algo que tomamos emprestado e deve ser devolvido intacto - "o pó retorne à terra, de onde veio, e o espírito volte a Deus, que o conscedeu" (Eclesiastes 12:7).
Sidarta Gautama e Salomão nos ensinam a mesma coisa: viver para juntar tesouros não nos torna melhor, só aumentam nosso sofrimento. Desde épocas remotas o homem se preocupa em ganhar, gastar e ganhar de novo. Usamos nossos semelhantes e até mesmo nossa "fé" como ponte para gozar de uma vida material. Usamos de nossos princípios "cristãos" quando jejuamos e não oferecemos a refeição, que acabamos de recusar, para o próximo que há dias não come. Hoje (e ontem) reclamamos dos preços, dos salários e do trabalho. O que dizer dos impostos? É certo pagarmos impostos tão alto? A resposta é: Não importa! O tempo é curto demais para nos preocuparmos com as coisas que pertencem a Cesar. Esse é o preço por se viver numa sociedade materialista, então pague-o. Hoje reclame-se do imposto, amanhã da gasolina, mês que vem do salário e sempre reclamaremos de tudo, de qualquer coisa, e nada disso importa (a não ser que atuemos de forma efetiva no cerne da solução desses problemas e não apenas vociferar insatisfação). Porque tudo isso, assim como nossa carne, é pó e passará. Porém as coisas de Deus, essas sim, merecem atenção o quanto antes. Nós somos embaixadores de Cristo e devemos fazer as obras do Pai. Temos sido trabalhadores inúteis, ajuntando aquilo que o vento se encarregará de espalhar. Devemos libertar nosso Espírito das coisas mundanas que interrompem a Luz de chegar até ele. O mal fortalece nossos desejos contaminando nossa alma. Estamos nesta vida de passagem. Existe uma outra que é eterna e verdadeira. Procure sempre o bem do próximo, pois esta é a obra que Cristo nos delegou: sermos servos da humanidade. Estar sempre disponível para quem precisa de nós. Amar ao próximo como a nós mesmos. Assim devolvemos a Deus o que a Ele pertence: Nossa vida!
Namaste!

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

POR QUE CAÍMOS?

Cair, muitas vezes faz parte da jornada, do aprendizado e assim sendo, da vida.
A queda nos lembra que não somos perfeitos, que ainda estamos sujeito a erros e suscetíveis à influências externas a nós. Ao nos levantarmos várias lições poderiam nos nortear a partir dali: a superação, o fortalecimento, a experiência, a sensação de estar de pé (novamente) e continuar a jornada.
algumas quedas, nos fazem rir de nós mesmos, outras nos desconsertam a tal ponto que nos vemos chorando antes de nos levantar. Mas sempre nos erguemos, mesmo que seja com a ajuda de alguém, que surge para nos oferecer a mão. Se levantar não é só seguir adiante. É aprender com os erros, perceber as nossas falhas, superar obstáculos e evoluir para algo melhor, mais forte. A experiência nos transforma e nos motiva nunca a regredir. Por isso nunca se esqueçam das suas quedas, dos tombos que levamos até aqui. O caminhão nunca foi fácil, exceto para aqueles que desistem e que voltam para trás. Estes não resistem ao novo, preferem a volta num caminho conhecido do que a surpresa do destino inesperado. Somo filhos do Eterno, por isso sempre digam: Desistir, nunca; Render-se jamais!
Lembrem-se, caímos para nos levantar, mais fortes e confiantes, certos da lição aprendida.